Este texto é para aqueles que estão infelizes numa relação ou que sempre tiveram uma vida amorosa deplorável e nunca conseguiram ser felizes com ninguém. Também é para aqueles que acabaram recentemente com alguém ou que queiram reconquistar o parceiro. Não importa os motivos que te levam a ser infeliz no amor, o que importa é que se não mudares, vais tornar-te uma pessoa triste e solitária.
Mas como é que vais mudar, se não souberes o que tens de errado? Primeiro que tudo, a pessoa certa não existe. A pessoa errada não existe. O que existe são pessoas capazes de darem 100% de si para que as coisas deem certo. Ninguém encaixa na perfeição em ninguém. Ninguém nasceu para viver sozinho. O que impede o ser humano de ser feliz com alguém é o ego. Apenas isso. Sentimentos todos temos. Atrações e paixões também. Mas é o orgulho que estraga tudo. O orgulho pode fazer-te forte, mas não vai fazer-te feliz. Acredita. Onde o ego ganhou, o amor perdeu. Nunca deram as mãos, nunca tomaram café, nunca se deram bem.
Por isso, começa por ser mais humilde. É o ponto de partida para qualquer mudança. Entende que precisas mudar, melhorar, evoluir, para que sejas feliz. Mudar em quê? Onde? Eu digo-te em quê e onde.
És possessivo. Tens ciúmes gratuitos de todas as amigas do teu namorado? Cada SMS que a tua parceira recebe deixa-te em sobressalto? Queres sempre saber onde anda a tua cara metade? Exiges fazer parte de todos os projetos em que o teu homem entra? Então és uma pessoa controladora. E isso chama-se possessividade. Um dos principais inimigos de uma relação saudável. Ninguém é de ninguém. Tu não tens nem nunca terás o título de propriedade de ninguém. Por isso quanto mais rápido perceberes que a pessoa que está ao teu lado é livre de ficar ou partir, quanto mais rápido souberes que quanto mais a sufocares, mais infeliz ela será, melhor para os dois.
Tens traumas. Mas não é de todo o tipo. São os traumas de relações anteriores. Já foste traído e por isso tens receio que a tua atual namorada te traia também. Já foste humilhada e maltratada e sempre que discutem, vem-te à memória que vai voltar a acontecer. Eu sei que não conseguimos apagar a memória, por mais que se carregue na palavra “esquecer”. Mas podemos controlar os medos. Eles existem, estão lá. Mas podemos vencê-los. Toda a gente merece uma oportunidade. Tu também. Os sofrimentos do passado fizeram-te crescer, e se quiseres, ao mínimo sinal de que a pessoa com quem estás é parecida com alguém que te fez sofrer muito, dá-lhe guia de marcha. Mas não prives o teu coração e o da pessoa que está contigo de viver a história que poderá ser a da tua vida. A vida toda.
Não és feliz sozinho. Eu costumo dizer que “Procuro um homem que me faça feliz” é uma das maiores parvoíces que se pode dizer ou pensar. Não há ninguém neste mundo capaz de fazer alguém feliz. Anota. O que existe é alguém que seja capaz de ser feliz contigo. E é disso que tu precisas. De alguém que seja feliz contigo. Mas para isso é necessário que tu saibas ser feliz sozinha. Tens de te conhecer a ti própria. Tens de saber os teus objetivos de vida. Ou pelo menos de não cultivar dúvidas todos os dias, não saber o que te faz feliz. Porque se não souberes ser feliz sozinho, como é que o serás acompanhado?
Tu mentes. Quantas caras tens? É que se mentes a toda a gente, a toda a hora, tens bem mais do que uma. E o pior é que mesmo as mentiras pequeninas te fazem mal. Porque acabas habituado à sensação de que “mentir para safar não faz mal”, “mentir às vezes é aceitável”. E mentiras pequeninas, tarde ou cedo causam grandes confusões. E quem já teve relações sabe que depois de uma mentira ser descoberta, mesmo que pequenina, a desconfiança acerca de todas as outras verdades entra em ação. E eu não preciso falar do papel amarrotado. Pois não?
Tens dificuldade em ceder. Se as coisas não forem como queres, amuas. Só tu é que estás certo. Tens sempre razão, e mesmo quando sabes que não tens, não abdicas dela. Lamento dizer-te, mas tenho 80% de certeza que não irás ser feliz assim. As relações baseiam-se em confiança, verdade. Em partilha, verdade. Em afeto, verdade. Em companheirismo, também verdade. Mas enquanto não perceberes que relação também é sacrifício, não irás entender o seu verdadeiro conceito. Ninguém está certo a tempo inteiro, e mesmo se estiveres certo mais vezes do que o teu parceiro, aprende que aquele que ganhou a razão, perdeu a felicidade. Se te sentes bem em ganhar todas as discussões, se te sentes bem em fazer tudo da forma que queres, sem querer saber da vontade e da opinião do outro, fica sabendo que tarde ou cedo o outro vai deixar-te sozinha.
A vossa relação tem mais do que dois. Não, não estou a falar de traição. Estou mesmo a falar da tua mania em contar os vossos problemas às amigas e aos amigos. Entende que se queres ser feliz e ter uma relação estável, tens de aprender a resolver os vossos problemas entre vocês. O único problema que deixa de ser só vosso e passa a ser de todas as outras pessoas são as agressões. Esse sim, deve ser partilhado, e rápido. Qualquer outro, deixa-o em casa, em vossa casa. As tuas amigas podem gostar muito de ti, mas não vivem com vocês. Elas irão apenas ouvir uma versão do problema, e todas as sugestões e conselhos que te irão dar será sempre nessa perspetiva. Até pode parecer-te o correto a fazer, mas lembra-te que as únicas pessoas que o vivem és tu e o teu parceiro. Não elas. E ainda por cima contas à Joana, que já teve 20 namorados, à Sofia que nunca teve um, à Rita que vive a chorar. Cuidado com conselhos de como ser feliz vindos de pessoas que não o são. Cuidado.
Não namoras com objetivos. Só queres saber de saídas à noite, de festas, de bebidas e outras coisas. E ainda por cima pensas que vais encontrar a tua cara metade nesse ambiente. Até pode acontecer, mas usar isso como tática de vida é correr para a infelicidade. E depois não te valorizas. Achas que és mais homem porque do teu grupo de amigos eras o que levava mais raparigas para o quarto. Lembras-te dessa altura? Já viste onde estão eles hoje e onde estás tu? Onde te levou? E tu, que usas a desculpa do álcool para beijar qualquer boca? Não sentes nenhum desgosto nisso? Sentes-te preenchida em ir para a cama com um rapaz diferente todos os meses? Como assim, esse corpo é teu, se qualquer homem o pode ter? Há algum tempo atrás, estava na estação de metro à espera do transporte e ouvi duas amigas a conversar. Uma delas virou-se para a outra e disse: “Ah, eu gosto dele, mas não quero namorar muito tempo com ele, muito menos casar.” Na altura ainda era um pouco novo e não pensava muito nestas coisas. Mas comecei a pensar nisso. Porque é que as pessoas namoram com alguém se não têm o objetivo de ter a pessoa no futuro? Se namoras com alguém sem ter vontade de ficar com a pessoa para a vida, estás a namorar o parceiro de outra pessoa. Sabias disso? O problema de muitas pessoas é que todos os anos dizem “eu amo-te” a uma pessoa diferente e depois esperam ser amadas para sempre. Uma das coisas que faz de nós humanos é a capacidade que temos de escolher um parceiro para a vida. Namorar alguém apenas para viver momentos, fazer sexo e dormir de conchinha, é como dar murros na ponta da faca. Vais acabar frustrado. Vais acabar magoado. Vais acabar sozinho a repetir várias vezes para ti próprio que ninguém presta, mas no fundo tu sabes que na verdade, quem não presta és tu.