Fazia-me confusão não te importares em agradar-me. Perguntava-me para onde apontavas as tuas energias. Mas percebi da pior maneira que não era a mim que querias agradar. Aguentei tanta coisa tua tanto tempo. O meu Carnaval durava o ano inteiro, porque o que nós tínhamos estava mascarado de relação e a verdade que eu pensava que nos abraçava era na verdade uma mentira que nos consumia. Mas a verdade é que a verdade cedo ou tarde vem ao de cima. Nem tu, que eras o melhor actor que eu alguma vez conheci, conseguiste fingir tanto tempo.
Eu já não sei se o amor que sinto é o mesmo amor que um dia senti por ti. Ainda assim, há um pedaço grande de mim que te quer, que vai querer-te para sempre. E esse pedaço confunde-me, sabes? Porque parece errado ir embora quando se ama alguém. Não parece nada certo seguir sem ti, porque é como se estivesse a negar todas as possibilidades de um dia dar certo. É como se estivesse a atirar tantos anos pela janela e estivesse a desistir de tudo. Mas no fundo, eu sei que não estou a negar nenhuma possibilidade de dar certo, porque se nós tivéssemos que dar em alguma coisa, já teríamos dado há muito tempo.
Amo-te. A tua mentira mais doce é a minha verdade mais amarga. Amo-te, é verdade. Mas chegou o tempo de me dar novas oportunidades. Novas chances de ser feliz. Que nunca te esqueças que o meu maior sonho era fazer-te feliz, e o meu erro foi achar que estar ao teu lado bastaria.
[por Rosdet Nascimento]